O
título desse artigo se remete ao Sub título de um dos livros mais incríveis que
já li: “A volta do Filho Pródigo”, escrito por Henry Nouwen. Esse livro nasceu
sob a contemplação do quadro de Rembrandt Harmenszoon
van Rijn, inspirado na Parábola
bíblica do Filho Pródigo, encontrada no evangelho de Lucas, capítulo 15 dos
versículos 11 a 32. Nouwen descreve essa história analisando os três
personagens principais: O filho que se foi, o filho que ficou e o Pai. Todos
Protagonistas absolutos. Diferentemente do que estamos acostumados a ouvir nas
pregações sobre esta parábola, o filho “Pródigo”, ou seja o filho que pede sua
herança e segue seu caminho não é o cerne da mensagem de Jesus.
Jesus ao pronunciar esta
parábola, dá seguimento a duas outras anteriores, a da ovelha e da moeda
perdida. Me parece claro que Ele deseja enfatizar o “PERDIDO”, ou o que “Estava
Perdido e agora foi Achado!”. Mas o perturbador nessa imagem que visualizamos
no quadro de Rembrandt, é a expressão do Filho que permaneceu ao lado do Pai, e
que aparece ao fundo da cena, quase como escondido, visualizando a demonstração
de Amor do Pai com o filho que voltava pra casa. Quem parece mais “Pródigo”?
O filho
“certinho” que sempre fez tudo certo, que servia o seu pai com fidelidade e
nunca se ausentou de suas responsabilidades, parecia não desfrutar da mesma
intimidade com seu pai que o filho rebelde. E os pais sempre parecem ter uma
porção dobrada de amor ao filho que mais precisa de ajuda. Mas qual é o limite
do amor? Até onde um Pai ou uma mãe deve amar incondicionalmente um filho?
Obviamente que não tem limite. Mas percebemos que o amor daquele Pai deixou seu
filho LIVRE para fazer suas escolhas, mas muito mais do que isso, deixou que
ele colhesse suas consequências.
Quando uma família vive o drama da Dependência
química todos se sentem totalmente “Pródigos”, perdidos sem saber como agir,
como ajudar, não sabem se amar incondicionalmente é a forma correta ou se fazer
com o que o Filho que escolheu o caminho das Drogas colha a consequência e
depois, verdadeiramente arrependido, volte para casa. Nessa cena existe o Filho
que se perde, O pai e a mãe que ficam desesperados assistindo os erros do
filho, os irmãos (a) que se sentem injustiçados por perderem a atenção sendo
que sempre fizeram tudo certinho, tios, tias, primos, enfim, todos dentro de um
plano de fundo procurando encontrar o caminho da libertação de suas angústias. Todos
tem suas próprias dores e todos precisam encontrar o caminho. Nesta parábola,
Jesus mostra o caminho para a libertação de todos: O Amor e o Perdão!
Amor incondicional. Perdão incondicional. Essa é a
mensagem central da Parábola do Filho Pródigo. Mas veja bem, não se trata do
NOSSO amor incondicional, ou do NOSSO perdão incondicional. Mesmo que dentro de
nós tivesse um coração absurdamente enorme, não caberia um amor capaz de
perdoar como o amor de Deus. É nesse ponto que muitos de nós nos sentimos
perdidos e decepcionados. Em nós, unicamente, não somos capazes de amar, não
somos capazes de perdoar. Nem a nosso filho, nem a nosso pai, nem a nosso
irmão. O amor capaz de trazer o perdão que liberta nossas almas só pode vir de
Deus! O amor de Deus é o relatado em 1 Coríntios 13: Paciente, Benigno, um amor
que não inveja não se vangloria e não se ensoberbece. É o único amor que tudo
sofre tudo crê e tudo espera. É o único amor que nunca falha! O amor de Deus é
assim, não o nosso amor!
Mas somente este amor é capaz de revelar o caminho
para libertação da dependência química. Somente este amor cura as feridas de
uma família perdida e destruída pelo drama do crack. Somente este amor é capaz
de fazer um irmão (a) ferido perdoar seu ente querido. Somente este amor é
capaz de fazer um pai e uma mãe deixar seu filho (a) livre para colher as
consequências de seus erros, e ao regressar para casa, lhe dar novas vestes e
lhe cobrir de amor.
Nessa história de retorno para casa você pode ter se
identificado com algum personagem. Talvez seja você que esteja retornando.
Talvez você esteja esperando o retorno de um filho. Talvez você não deseje ver
seu irmão nunca mais. Não importa! Tem alguém no final dessa história esperando
por você. Com um sorriso e um abraço. Com vestes limpas e com um banquete para
saciar sua fome física, emocional ou espiritual. Para suprir qualquer que seja
tua necessidade, curar sua ferida e trazer libertação para sua angústia.
Tem alguém no final desta história que dirá: Vamos
alegrarmo-nos e festejarmo-nos, porque estava morto e reviveu, estava perdido e
foi achado! Lucas 15:32