sábado, 8 de novembro de 2014

FAMÍLIA - FATOR DE RISCO OU PREVENÇÃO Trabalhando há algum tempo com usuários de drogas em recuperação, não se pode deixar de salientar o fator determinante que exerce a família sobre esse individuo. Família é o primeiro ambiente em que vivemos, nascemos após nove meses de tranquilidade (ou não), e o universo particular que nos aguarda nem sempre oferece ao bebê a qualidade ideal para que ele possa se desenvolver corretamente. Vivemos num mundo em que o tempo escorre de nossas mãos, somos vítimizados pelo consumismo exagerado que é uma marca registrada das gerações hight tech. As famílias estão muito preocupadas em suprir as demandas que a mídia cria, na ilusória tentativa de fazerem seus filhos mais felizes a partir de “coisas”. E assim tempo de qualidade é algo raro e caro. Enfrenta-se diariamente uma rotina de estresse, e nos momentos em que se poderia investir em relações o ser humano atual gasta defronte a tela do computador porque precisa estar plugado, saber o que está acontecendo no mundo, porque o tempo não para. Mas quando se começa a perceber comportamentos estranhos, quando percebe que aquele filho ou filha que antes era tão conhecido, não habita mais ali, nesse momento a casa desaba e aquela família que pensava que estava tudo bem, nota que em algum momento perdeu o foco do que realmente importava. Não basta ter uma casa confortável, roupas, alimentação, locomoção, o ser humano precisa do olhar, do gesto e do sentimento de reciprocidade. Quando os pais percebem que algo mudou, muitas vezes é irreversível. Atualmente tudo é muito rápido, e a ação das drogas e sua destruição também. Não é raro ouvir nos relatos das pessoas contando como caíram nas drogas, sobre a solidão de quem fica à margem e se perde sem saber nem pra quem nem onde pedir ajuda, sem se darem por conta que muitas vezes o inicio se deu no ambiente que deveria tê-los protegido. Criança aprende por EXEMPLARIDADE, se os pais fumam, bebem, tem comportamentos inadequados, como esperar que essa criança não carregue em sua bagagem informação suficiente para ser presa fácil e cair no vicio? Muitos pais que descobrem seus filhos “usuários de drogas” querem saber o que foi que aconteceu? Mas é muito comum não aceitarem ou negarem a grande participação ou ausência para que isso acontecesse. É muito importante que a família comece a repensar na importância das relações, do olhar sobre si e sobre os outros que fazem parte dessa instituição. Que reaprendam a olharem para si e para as pessoas mais importantes de suas vidas, seus filhos. Que resgatem a conversação e a capacidade de ouvir, esse é o começo da verdadeira recuperação do ser humano. Matéria creditada e sob responsabilidade da Psicóloga Clínica Jaqueline da Maia